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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Racismo, um mal brasileiro no século XXI

Quem acha essa pessoa feia por causa da cor da pele vive preso em um senso estético que não cabe em nosso país...


Como novembro é o mês que tem o dia da consciência negra (dia 20), todos os posts do período serão com essa temática, direta ou indiretamente. E nada melhor do que falar do mais recente caso famoso da última semana: o de Taís Araújo.
A atriz, que considero excelente em seus papéis, foi mais uma das centenas de vítimas diárias do nosso velho racismo. Porem, diferente dos demais, esse caso foi levado adiante pela atriz. Até porque ela tem um perfil bem diferente de outras vítimas: é famosa, instruída e mobiliza parte importante da mídia para seu caso. Bem que podia ser sempre assim, mas apesar de reconhecer que a mobilização da opinião pública vai pressionar a justiça a investigar e punir os criminosos, isso evidencia que se você não é uma Taís Araújo a justiça não vai lhe atender bem!
Quantos casos chegam às delegacias e as pessoas reclamam que seu caso não é de racismo. Não se ouve a vítima nem as testemunhas (quando há), ou simplesmente as vítimas são convencidas a não dar queixa porque "isso não dará em nada" de acordo com os agentes públicos que deveriam receber a queixa e investigar.
Tomara que esse caso ganhe muita visibilidade, que a Taís não deixe barato aos agressores e que pelo menos os irascíveis racistas sejam exemplarmente punidos. Nossa sociedade está precisando ver essas coisas acontecerem ou o ódio vencerá.
O irônico é observar que já é o segundo caso este ano de famosos da Rede Globo atacados nas redes sociais, logo da emissora que trabalha para pregar a democracia racial, doutrinando o Brasil que a discriminação se dá só pela renda. Fica hipocritamente escondido assim o racismo sem discussão ou debates. Afinal, um dos mais contundentes e famoso repórter da emissora Alexandre Garcia disse em pleno telejornal da emissora no dia 21 de outubro a seguinte frase: "(...) o país não era racista até criarem as cotas (...)". O tema da reportagem era a queixa dos patrões contra a obrigatoriedade de adesão ao programa Simples Doméstico, que visa o recolhimento de impostos trabalhistas para empregados domésticos, já que agora são considerados trabalhadores e não escravos. Como alguem pode ser tão anacrônico? Será que ele não conhece a História do Brasil? Respondo que sim, ele conhece. O problema é o lado da História que ele partilha. Vejam logo aqui abaixo:


Agora ficou fácil aprender, ele foi porta voz do presidente da república na ditadura militar, então defende as ideias da elite que os colocou lá e se aproveitou do regime para enriquecer mais e mais. Mas sobre essa frase ele teve um bom mentor dentro da própria emissora. O diretor de jornalismo Ali Kamel escreveu o livro Não Somos Racistas em 2006 para ser, conforme suas próprias palavras: "Uma reação aos que querem nos transformar em uma nação bicolor" (grifo meu para que compreendam porque chamamos atitudes como esta de reacionária, os conservadores reagem assim às medidas progressistas que tentam reconhecer direitos das populações mais prejudicadas pelo racismo, como aqui mostro no texto).

Sobrou para a bela Juliana Alves o papel de capitão do mato, o de disciplinar o negro rebelde que vai contra o poder estabelecido. Mas tenho certeza que mesmo sendo obrigada a fazer a propaganda forçada do livro ela não se deixou afetar pela mensagem nefasta dentro dele. Mas compreendam a mensagem que a emissora cria para seus escravos, quer dizer, telespectadores de que racismo é um problema seu se você é vítima. É igual culpar uma mulher e sua beleza ou roupa pelo estupro.


Vejamos onde isso vai dar. Mas não espero uma mudança de atitude da Rede Globo, espero do povo ao ver tanta contradição num discurso de ódio diluído em novelas ou editoriais jornalísticos que tem a real intenção de não reconhecer a verdadeira igualdade entre as pessoas em nome do lucro. Afinal, negro na tv representa o pobre e pobre não consome o que se anuncia, esconde-se assim o negro.
Termino por aqui, indicando dois vídeos: um do marido da Taís Araújo  e outro do ex-ministro Joaquim Barbosa, que foi o negro mais poderoso da República até hoje, ambos falando de racismo.



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