Aprendendo e ensinando sempre!

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sábado, 12 de setembro de 2015

Migrações e discursos midiáticos.

São somente os sírios? Não parece...
Nos últimos meses fomos bombardeados pela mídia com imagens lamentáveis de imigrantes sofrendo todo tipo de violências, privações e mortes (inclusive posts com o menininho morto na praia que me recuso a por aqui) tentando entrar na Europa. Observando o movimento de notícias dos jornalões e seus sites percebi uma massificação estranha da informação de que sírios estariam invadindo pelo Mar Mediterrâneo. Mas como assim? 
Claro que os conflitos recentes pós Primavera Árabe deixou o governo (ditatorial) de Bashar Al Assad frágil, que piorou com os avanços do ISIS e forçou xiitas e curdos a saírem do país (sim, porque o grupo terrorista é sunita!). Agora, generalizar a intensidade desse fluxo migratório parece demais, porque esconde um motivo torpe.


Não podemos ignorar a força da mídia global e nem esquecer que são empresas cujos objetivos são os mesmos de uma fábrica de refrigerantes: obter lucro e manter-se no mercado. A segunda opção depende de impor os valores que lhes favorecem ao seu público, que são os da elite. Ou seja, essa mídia deve convencer seu consumidor que não há nada de errado em ganhar muito dinheiro a qualquer custo. Melhor ainda se o leitor nem chegar a perguntar quem perde com esse lucro obtido.
Convencer as pessoas que a guerra e o terror no Oriente Médio são os únicos culpados pela migração é muito fácil, afinal estamos lendo sobre isso desde a criação do estado de Israel no ano de 1948 pela ONU e os conflitos seguintes. Fomos convencidos que a ignorância deles é culpada pelas tragédias locais. Mas o que está escondido nessa fábula?

Pegam a riqueza,mas esquecem das pessoas.
O motivo oculto, sem teoria conspiratória, é o agravamento da crise na atual fase do capitalismo. Desde 2008 (aquela iniciada nos EUA) os mercados financeiros registram queda dos lucros empresariais em um sistema onde a empresa que empata o lucro, ainda que seja alto, é criticada. Imagina reduzir...
Por isso as notícias sobre a acumulação dessas riquezas ficam convenientemente desconectadas dos motivos das migrações massivas recentes. Simplesmente essas pessoas já não tem mais o que perder, então tentam ir a um país rico e melhorar de vida. A morte já é uma realidade onde vive, seja pela guerra ou pela pobreza extrema e se ocorrer durante a travessia das fronteiras é só uma antecipação do inevitável.

Um levantamento da ONG Oxfam, do Reino Unido, mostrou os dados acima que ano passado 1% da população mundial possuia 48% da riqueza do mundo. E que a previsão para 2016 é que, apesar da crise, essa minoria acumule mais de 50% da riqueza. Resumindo: não há muito mais o que explorar nas classes médias e pobres do planeta! Então não é surpresa que as pessoas se revoltem ou tentem mudar pela força.


Agora a União Européia discute o que fazer com essas pessoas. Os países mais acessados como Grécia, Hungria e Itália não querem ficar com todos. Imagens terríveis vem correndo a rede com reações militares e ódio da população que se vê "ameaçada" pelo desconhecimento da real situação desses refugiados globais. Estudam devolver ou dividir refugiados, erguer muros ou ignorá-los ao mar, menos solucionar os problemas reais que os motiva a sair. Nenhum desses países quer abrir mão da exploração.
O certo é que sem uma solução conjunta, ouvindo os países de origem, entendendo suas dificuldades e ajudando-os com seus problemas a tendência é a piora dos efeitos. Em sua obra final chamada "Por uma outra globalização", Milton Santos classificou a globalização como perversa porque transforma consumo em ideologia e com isso concentra a riqueza nas mãos de poucos. Ele não se enganou, precisamos fazer as pessoas compreenderem essa relação para não se equivocarem manipuladas pelos causadores da crise atual. Afinal, não deveria ser errado que esses refugiados busquem exatamente a riqueza onde ela está mais presente. Eles só estão atrás do que lhes foi ensinado.

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